50 anos do pouso do Homem na Lua – Tudo que você precisa saber

Apesar do sucesso do programa Apollo como um todo, em especial com o pouso da agora cinquentenária Apollo 11, o projeto foi longo e começou dando muito errado. O programa aconteceu entre 1961 a 1972, com o desenvolvimento das Apollo 1 ao 17. É que, na década de 1960, a Corrida Espacial com a União Soviética estava bastante acirrada — e os EUA estavam perdendo feio.

“Nós escolhemos ir à Lua, não porque é fácil, mas porque é difícil”. Foi mais ou menos assim que o então presidente John F. Kennedy declarou aos EUA e ao mundo, durante uma coletiva em 1962, que o país se aventuraria rumo ao satélite natural da Terra naquela década.

As motivações para essa empreitada audaciosa (e, convenhamos, com um toque de insanidade ao considerar as tecnologias da época), vão muito além da ânsia científica: questões políticas estavam envolvidas intimamente com o programa Apollo, numa época em que os EUA enfrentavam as consequências da Guerra do Vietnã (com o governo sendo duramente criticado por parte da população), e com os inimigos soviéticos saindo à frente em todos os outros recordes: eles enviaram o primeiro satélite à órbita da Terra, lançaram o primeiro animal em um foguete e conseguiram mandar a primeira pessoa ao espaço.

E depois de uma sequência de derrotas, os EUA decidiram que sairiam vitoriosos da Corrida Espacial de qualquer maneira, anunciando, então, seu programa lunar às pressas antes que os rivais abocanhassem mais essa conquista. Afinal, os soviéticos já estavam com suas missões Luna em andamento, enviando para a Lua a primeira sonda espacial a atingir a superfície — e o próximo passo seria, naturalmente, o envio de cosmonautas.

Então, o famoso discurso do eloquente e carismático Kennedy mexeu com o coração da nação, inspirando os americanos a apoiarem o programa Apollo, mesmo que isso significasse um investimento gigantesco por parte do governo em uma década sofrida por conta de uma longa guerra. O governo alocou US$ 25 bilhões naquela época para o programa da NASA, o que representava 2,5% do PIB (produto interno bruto) dos EUA.

Infelizmente, foram 3 baixas humanas na Apollo I que acabaram forçando a NASA a melhorar, aprimorando os requisitos de segurança de todo o programa, sem desistir do objetivo final: levar o Homem à Lua. Questões de segurança foram testadas e resolvidas nas Apollo 4 a 6, com os primeiros voos tripulados acontecendo a partir da Apollo 7, lançada em outubro de 1968 e apenas orbitando a Terra por mais de uma semana. Então, chegou a vez da Apollo 8, com a primeira turma de astronautas a orbitar a Lua, o que aconteceu em dezembro de 1968. Foi nesta missão, por sinal, que o astronauta Bill Anders tirou a lendária foto Earthrise, mostrando a Terra “nascendo” sob o ponto de vista lunar.

Aí chegou a hora de lançar a Apollo 9, em março de 1969, também orbital, que serviu para testar mais aspectos da nave e demonstrar que ela seria capaz de funcionar de forma independente no espaço. Com a Apollo 10, a dupla Charlie Brown (apelido do módulo de comando) e Snoopy (apelido do módulo lunar) enfim foi aos ares em maio do mesmo ano, apenas dois meses antes da Apollo 11, para provar que tanto a tripulação quanto os veículos estariam preparados para o pouso lunar. Os astronautas da Apollo 10 executaram todas as operações programadas para a Apollo 11, exceto a parte do pouso na superfície.

A Apollo 11 partiu a bordo do foguete Saturn V na manhã do dia 16 de julho de 1969 a partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. O foguete lançou o módulo de comando para transportar o trio Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Colins para a Lua e o módulo lunar para o pouso na superfície.

O enorme foguete era extremamente poderoso, sendo o mais poderoso já lançado até a atualidade. É isso mesmo: em cinquenta anos, ainda não lançamos nenhum foguete mais poderoso do que o que levou a Apollo 11 à Lua. O Falcon Heavy, da SpaceX, lançado pela primeira vez em 2018, é menor e menos capaz do que o Saturn V dos anos 1960, ainda que este da empresa de Elon Musk seja reutilizável e marque uma nova era na indústria espacial.

No topo do foguete estava, então, o módulo de comando da Apollo 11, tinha 10 metros de altura e 3,9 metros de largura, sendo bastante apertado para três astronautas — o espaço útil para eles poderia ser comparado ao interior de um carro comum. Já o módulo lunar da Apollo 11, apelidado de Eagle, tinha 7 metros de altura e 4 metros de largura.

Collins foi o responsável por pilotar o módulo lunar, com Aldrin e Armstrong então deixando o módulo de comando e se posicionando no módulo Eagle rumo à superfície, enquanto Collins permanecia na órbita monitorando tudo o que acontecia. “Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a humanidade” foi a frase dita por Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar no solo de nosso satélite natural.

O desembarque de pessoas na Lua não somente foi um marco histórico na ciência e na sociedade como um todo, como também marcou o fim da Corrida Espacial na Guerra Fria, com novas missões Apollo acontecendo até 1972, quando o programa foi encerrado. Tudo foi transmitido pela TV dos Estados Unidos (e por emissoras do mundo todo, praticamente), e no país norte-americano mais de 600 milhões de pessoas assistiram ao momento histórico em que a dupla Armstrong e Aldrin deram os primeiros passos na superfície de um outro mundo além da Terra — o que aconteceu no dia 20 de julho de 1969. Mas, apesar de os nomes dos astronautas serem os destaques deste feito histórico, mais de 400 mil pessoas trabalharam na missão com a NASA, que estava mais do que empenhada em fazer de seu país o primeiro a levar pessoas à Lua.

Os astronautas das Apollo se tornaram heróis mundiais, servindo como símbolos de inspiração em uma época marcada por guerras, conflitos políticos, mortes de personas importantes e protestos por direitos civis. Para além do marco histórico de levarmos pessoas a outro mundo além da Terra, o programa Apollo (em especial a Apollo 11, claro) foi um respiro de satisfação e otimismo em um contexto difícil repleto de sentimentos negativos como falta de esperança e descontentamento geral.

Após 6 missões e 12 homens caminharem na Lua com sucesso, pousar na Lua já não era mais uma novidade tão interessante aos olhos do público geral, e o país decidiu realocar seus investimentos para outros programas espaciais da NASA, iniciando, então, a exploração de outras partes do Sistema Solar.

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