Como funciona o voo que farei com a Virgin Galactic?

Respondendo mais uma das perguntas frequentes: Como funciona o voo que farei com a Virgin Galactic? Ao contrário de outras empresas de voos espaciais comerciais, como a Blue Origin, a Virgin Galactic inicia seus voos sem usar o lançamento de um foguete tradicional. Em vez disso, a empresa lança seu SpaceShipTwo com passageiros de um avião porta-aviões, apelidado de cavaleiro branco ou em inglês, WhiteKnight. É uma aeronave a jato de fuselagem dupla, moldada em composto de carbono com quatro motores e construída sob medida, projetada para transportar a espaçonave SpaceShip Two até uma altitude de cerca de 50.000 pés (15.240 metros) em plena estratosfera.

O primeiro WhiteKnightTwo, VMS Eve – que a Virgin Galactic usou em todos os seus voos de teste foi lançado em 2008 e tem capacidade de carga útil suficiente para comportar uma espaçonave. Então, quando atinge os 50.000 pés (15.240 metros), o avião porta-aviões ”descarta” a SpaceShip Two que estava presa em suas asas, uma nave espacial alada reutilizável projetada para transportar seis passageiros e dois pilotos ao espaço. Uma vez lançado do WhiteKnight, o motor do foguete da SpaceShipTwo é acionado “em segundos”, logo após uma breve queda livre. A espaçonave acenderá seu motor e fará uma ginada para cima com uma aceleração de 6 G, o que significa seis vezes a força gravitacional da Terra.

A nave então voará próximo a Mach 3,5 – algo como três vezes e meia a velocidade do som (2.600 mph / 4.300kph) até o espaço suborbital, alcançando até 360.890 pés (110.000 metros) acima da superfície da Terra. O último teste em 2019 porém, atingiu 89.900 metros e foi considerado um sucesso, já que a Virgin preconiza 80km (ou 50 milhas) com a marca a ser vencida. Bom, eu realmente torço para que a linha de Kárman a 100km de altitude mantenha-se como o norte a ser superado pela empresa em todos os voos, mas a compania americana entende, assim como a NASA, que qualquer artefato voando a 80 km pode ser considerado por especialistas norte-americanos a altitude de espaço. Isso porque nesta altitude já é possível colocar satélites em órbita da Terra.

Eximindo-se as polêmicas entre o que pensa e NASA é o que é considerado aceito no resto do mundo, a experiÊncia em sí já é muito mais em velocidade e altitude do que voava o avião dos meus sonhos, o lendário Blackbird SR-71! Nota: também é o avião dos sonhos do Elon Musk, dono da SpaceX e ele até deu o nome ao seu filho mais novo em homenagem a este avião.

Em seguida, desligará o motor, ou melhor, o combustível acaba, o que criará uma sensação de ausência de peso por não mais que 4 minutos (isso depende do apogeu), quando a espaçonave ao atingir seu ponto mais alto iniciará um processo de descida. Este será o breve tempo que os astronautas a bordo, entre eles eu, poderão ter o máximo aproveitamento da experiência, realizando atividades em microgravidade, contemplando a melhor vista do mundo e uma visão única do espaço infinito.

Bom, então o combustível era suficiente para se alcançar o espaço, economizando um recurso caro e também danoso a nossa atmosfera…e como volta? Então entra em ação um sistema chamado ”feathering” que nada mais é que um posicionamento vertical automático da ponta das asas, criando um novo centro de gravidade na espaçonave. Ele age para que a própria gravidade terrestre faça seu trabalho na atração da espaçonave.  Com excelente eficiência, conduz a espaçonave ao seu retorno na atmosfera, sem a necessidade de empregar uma única gota de combustível. Uma vez de volta à baixa atmosfera, reposiciona o sistema feathering para a posição horizontal, preservando a aerodinâmica inicial que planará como se faz nos voos em asa delta, até pousar suavemente na pista do Spaceport America, construído no deserto do Novo México, Estados Unidos. Os testes realizados até agora tiveram bom êxito nestes exercícios.

Ao todo, serão entre 50 minutos à 2 horas de experiência no total, incluindo-se o taxiamento na pista, a decolagem até o retorno do espaço, bem mais que a New Shephard construída pela Blue Origin, uma espaçonave concorrente que prevê apenas 11 minutos de experiência no total, um tiro de canhão.

Atualmente a Virgin Galactic tem uma única Spaceship Two em operação, chama-se VSS Unity. Outras 2 estão em fase de montagem na fábrica da The Spaceship Company, em Mojave,  e a previsão é de que a Spaceship 3 seja apresentada ao público ainda no início de 2021. Serão ao menos quatro Spaceships na frota funcionando, tornando as idas e vindas ao espaço bem comuns.

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