Star Wars e os aprendizados para o tempo de COVID-19

Quando Luke Skywalker luta com seu pai no quinto episódio de Star Wars e perde a mão em uma batalha de Jedais, as plateias do mundo inteiro se compadecem com a dor do herói. Mas o que está por trás desta dolorosa cena?

A trilogia de George Lucas é baseada entre tantas histórias, na obra do filósofo Joseph Campbell chamada ”O poder do Mito” e Darth Vader levanta o punho, cujo significado na Roma antiga os imperadores usavam para dizer ”eu estou no controle” dentro dos Coliseus.

O personagem Luke Skywalker representa um guerreiro que busca entender o poder da intuição, e para quem viu a série pode se lembrar que ele foi treinado pelo sábio Yoda a lutar de olhos vendados. Desta forma, ele só usaria a sua intuição para saber como enfrentar o “poder do mal” no caso representado por Darth Vader, que era seu próprio pai.

Quando ele luta de olhos vendados ele só se defende, e evita a reatividade, pois a reatividade o levaria a sair da intuição e somente usar a sua mente. Neste momento ele estaria em desvantagem na luta com o pai e por isso Yoda queria um guerreiro completo, que não tinha apenas a razão como forma de ação, mas uma intuição bem desenvolvida.

Darth Vader como representante da sombra na mitologia do filme era compreendido como a mente controlada pelo lado sombrio. Distraidamente poderíamos achar que assistimos um filme inocente de ficção e belas lutas de sabres de luz, mas não foi isso que George Lucas quis mostrar.

O que se revela no filme é uma história mitológica que mostra a nossa batalha diária de como funciona os nossos aspectos femininos, representados de um lado pela intuição, e os nossos aspectos masculinos, a razão que mora na mente. Esta é a nossa batalha pessoal de jedais nas rotinas da vida. Em um ambiente de paz, estes aspectos estão em oposição e integrados, assim a intuição guia a mente a agir de forma sentimental, ao mesmo tempo a razão impõe-se nas atitudes e escolhas.

A nossa intuição quando escutada, é capaz de nos guiar para os lugares onde moram o idealismo e os nossos propósitos. Ideal e propósito são os alimentos da alma, pois para ela se expandir suas necessidades precisam ser preenchidas.

Mas como vivemos em um mundo material, ainda compreendido por ser um lugar entre a luta do bem e do mal, nós também precisamos reunir opções materiais para nossas escolhas. O problema é que o mundo antes da COVID-19 estava material demais e as janelas da alma andavam esquecidas.

Agora estamos vivendo uma nova realidade, em um tempo onde a Luz está inundando as Sombras com esclarecimento, e tudo que estava escondido está sendo exposto. Muitos bens materiais foram perdidos nesta crise pandêmica, muitos negócios fecharam, muitas pessoas perderam seus empregos, muito dinheiro foi perdido por um vírus. E então temos que abrir nossos olhos para este novo normal, muitas batalhas de Jedais estão sendo travadas e não podemos cair na tentação de sermos reativos, pois a reatividade é uma forma de darmos poder a mente, e isso é exatamente o que as nossas sombras necessitam. As atitudes reativas levam a mais lutas, e o que levou Luke Skywalker a não dar o golpe fatal em seu pai na batalha final foi quando ele baixou seu Sabre de Luz e disse que jamais iria se render ao lado da Sombra. É um momento poderoso do filme, onde finalmente ele entende o que é a intuição. É a mente se entregando ao coração e que entende que as nossas decisões devem seguir esta ordem. A razão nunca sabe se o fim será bom, já o coração tem certeza! Como pode?

Em uma viagem que fiz a Israel, estive no museu dos Pergaminhos do Mar Morto, chamado ‘’Santuário do Livro’’. É um museu moldado em forma de jarro cerâmico e que guarda os pergaminhos bíblicos mais antigos existentes, por volta do século dois antes de Cristo. Embora os rolos demonstrem que a Bíblia não sofreu mudanças fundamentais, eles também revelam a existência da briga entre a luz e as sombras, e o quanto devemos buscar a clareza na nossa alma. Estes episódios O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi tem uma simbologia muito forte para mim porque Star Wars tem muito haver com isso, a batalha entre o bem e o mal, a luz e a escuridão, os propósitos maiores da vida e os bens materiais. A beleza da alma está em sabermos ter este pleno equilíbrio, conhecendo também como é bom o propósito da doação e do voluntariado.

No meu entendimento, as transformações no mundo virão cada vez com mais velocidade, e não é hora de atitudes de separação, revanchismo ou de mágoas baseados em perdas materiais. Chegou o tempo de perdoar, apagar ressentimentos, e de apaziguarmos os corações, como fez sabiamente Luke Skywalker. Ele podia vencer Darth Vader que era muito mais poderoso que ele, no entanto Luke tinha os 2 lados bem desenvolvidos, a intuição e a razão. Ter este equilíbrio é fundamental para as decisões no dia a dia e caminhar no sentido correto da luz. Não a toa, sua vitória chegou pacientemente no episódio VI, no tempo certo, quando os rebeldes tinham organização e liderança maduros para combater as forças do mal e quando Luke tinha nas mãos o coração e o perdão de Darth Vader ao seu lado.

O COVID-19 é nosso grande desafio atualmente, nossa batalha pessoal entre a luz e a escuridão. Seremos todos obrigados a saber perder e lidar com a aceitação, ter fé como intuição e acreditar que tudo dará certo no final, ao mesmo tempo devemos usar a razão para construir os bens materiais novamente, de forma paciente e equilibrada. Chegou o momento para todos refletirmos dentro de nós mesmos, as batalhas pessoais do dia a dia com outros olhos e preservarmos o bem maior, nossas vidas.

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