COMO CONSTRUIR O FAMOSO MONOPLANO “DEMOISELLE” SANTOS-DUMONT

DE TEMPOS EM TEMPOS, DESCRIÇÕES VAGAS  sobre a maneira de construir aviões foram dadas ao público. Em todos os Estados Unidos há milhares de pessoas que estão intensamente interessadas no assunto do voo aéreo, mas até agora nada de natureza tangível foi apresentado sobre o qual o trabalho pudesse ser iniciado com uma perspectiva razoável de sucesso. É uma grande satisfação, portanto, poder apresentar os desenhos de trabalho do maravilhoso monoplano inventado por M. Santos-Dumont. Como apontam os autores, porém, seria inútil para alguém que não possuísse alguma habilidade mecânica e muito bom senso tentar construir uma cópia do famoso panfleto, mesmo com instruções e funcionamento tão detalhados. – O EDITOR.

FAPÓS o anúncio, feito há alguns meses por Alberto Santos-Dumont, de que pretendia dar ao mundo os planos do seu último avião, o “Demoiselle”, no interesse da aeronáutica, grande interesse centrou-se no maravilhoso monoplano. É a mais leve e menor de todas as máquinas mais pesadas que o ar, mas é totalmente prática. Foi com este monoplano que o renomado aviador fez um vôo de St. Cyr para Buc. no último dia 13 de setembro, a uma velocidade de 56 milhas por hora.

Esta máquina é melhor que qualquer outra já construída, para quem deseja obter resultados com o mínimo de gastos e com o mínimo de experimentação. Os planos que acompanham este artigo são idênticos àqueles a partir dos quais as máquinas estão sendo construídas atualmente na França.

Como nos afastaríamos muito do objetivo deste artigo se abordássemos detalhadamente questões como resistência, flexibilidade e resistência e outras propriedades dos materiais, nos restringiremos a uma descrição da maneira de construir o folheto. . Seria bom, claro, que o futuro aviador se familiarizasse com o tema da atmosfera no que se aplica à aeronáutica, tivesse um bom conhecimento geral dos motores a gasolina e estudasse as propriedades e qualidades dos diferentes materiais que entram na construção do monoplano.

É claramente impossível aprofundar-se aqui nestes assuntos, mas aquele que ambiciona tornar-se completamente familiarizado com o assunto da navegação aérea, não deixará de consultar livros adequados sobre estes assuntos. É claro que a posse de planos é a base sem a qual seria impossível começar a construir o dirigível, mas ao mesmo tempo é necessário possuir alguma habilidade e habilidade mecânica, e muito bom senso.

Ao apresentar os planos através da Revista Popular Mechanics confiamos que nenhum de nossos leitores começará a construir se não possuir essas qualidades, principalmente estas últimas, sem as quais nunca conseguirá realizar nada.

Que o monoplano é a forma superior de máquina mais pesada que o ar é a opinião da maioria dos especialistas em aviação. Biplanos e até triplanos fizeram voos maravilhosos. mas nenhuma máquina voadora já construída conseguiu

ser tão fácil de equilibrar quanto o monoplano. A principal objeção a isso até pouco tempo tem sido a dificuldade de fixar o avião. Com o biplano, a treliça foi de grande utilidade nesse sentido. Mas com os fios-guia firmemente fixados da estrutura às asas há pouca probabilidade de qualquer dificuldade com o tipo Santos-Dumont.

No início, seria bom afirmar que os maiores itens de despesa na construção da máquina serão o motor e a hélice. Santos-Dumont utilizou motor Darracq de 30 cv. em seu vôo recorde, embora já tivesse feito alguns bons vôos com um motor de 17 cv. motor. Existem motores americanos que provavelmente funcionarão igualmente bem. e será sem dúvida muito mais barato, pois a importação de um da França envolve despesas com frete e taxas alfandegárias.

A construção da hélice é de vital importância e aconselhamos que esta seja adquirida.

Um bom ponto de partida seria o leme vertical, Placa III. A espessura do bambu ali indicada é a máxima. As porções mais fortes e pesadas são usadas para os centros onde as juntas são formadas e a tensão é mais pesada. O desenho detalhado C nesta placa mostra a maneira como o tecido é preso à estrutura pela corda de piano calibre nº 21. Como é feito neste ponto, deve ser feito em todas as partes do monoplano. Depois de costurar a corda do piano na borda externa do tecido, tomando o cuidado de deixar aberta a parte onde o fio será preso à estrutura, o fio deve ser esticado até chegar à extremidade e depois colocado na fenda feito para que ele fique na extremidade externa do bambu. Assim, os planos do tecido ficam bem esticados e mantidos firmemente no lugar, aumentando a resistência da máquina. O mesmo fim não poderia ser alcançado tão bem prendendo primeiro o arame e depois costurando o pano nele. Isso também se aplica às asas, onde cada pedaço adicional de força e firmeza contribui para uma conclusão bem-sucedida. Slots são feitos nas extremidades dos bambus para que os fios deslizem e sejam presos com firmeza. É uma boa ideia colocar uma rolha nas extremidades ocas das varetas e cortar as ranhuras em ambas ao mesmo tempo. O fio de latão, calibre nº 25, também deve ser enrolado na haste logo abaixo da extremidade da ranhura. Isso evita que a corda do piano na qual o tecido é costurado rache as hastes. Pode parecer que esse arranjo é grosseiro, mas foi assim que Santos-Dumont conseguiu sobreviver quando voou de St. Cyr para Buc. Mais tarde – ele tinha uma série de “Demoiselles” e pequenas quebras aconteciam de vez em quando – ele colocou uma pequena tampa de metal nas pontas das hastes. Foram feitas ranhuras nessas tampas para receber os fios. Descrevemos o primeiro porque é de longe o caminho mais fácil para os construtores amadores de dirigíveis.

O tecido utilizado por Santos-Dumont era uma seda de trama muito fina. A seda não apodrece tão facilmente quanto o algodão e é consideravelmente mais resistente. A seda tem a grande objeção do custo, entretanto, e provavelmente seria melhor usar percal ou musselina forte, tomando cuidado para garantir a melhor qualidade de produtos bem tecidos e não branqueados.

método de fazer a junta em B está bem mostrado no desenho. A utilização de placas de aço ou alumínio é muito importante porque sem elas seria impossível garantir a resistência necessária. A ideia inteligente adotada pelo inventor da máquina praticamente torna essa junta inteira, e ele teve pouco ou nenhum problema neste ponto. As extremidades das duas peças menores são inseridas cerca de um quarto de polegada na peça vertical, como mostrado. Se se desejar terminar o trabalho particularmente bem, pode-se aplicar nestas juntas muscilagem de marceneiro ou várias demãos de verniz. Serve para retardar a decomposição do bambu.

A Placa IV mostra os detalhes do leme horizontal que rege a altitude da máquina. “Gouvenail de Profendeur” é o termo francês para isso. Deve ser construído da mesma forma geral que o leme vertical. No ponto de união dos lemes é necessário cortar o tecido do leme horizontal e costurá-lo ao tecido do leme vertical em ambos os lados. Se isso for feito corretamente, nenhuma haste ficará visível, ficando todas cobertas pelo pano. A maneira como o tecido cobre as hastes é mostrada na Placa Con III.

O método de fixação dos lemes à estrutura é mostrado na Placa IV. Esta é praticamente uma junta universal, permitindo que o dispositivo de direção seja girado em qualquer direção pelos fios de controle mostrados na Placa I, e também na ilustração menor do monoplano. Esses fios devem ser cuidadosamente selecionados e testados, pois depende muito de sua resistência. Seria muito imprudente usar cordas ou fios de piano comuns. Santos-Dumont utiliza um fio metálico flexível, bitola nº 13, com um cordão de linho no centro. Este fio resistirá à flexão constante sem perigo de quebrar. A junta deve ser feita com o melhor tubo de aço disponível, pois desempenha uma função muito importante. Uma boa tubulação de bicicleta é excelente.